Projeto pioneiro utiliza tecnologia de ponta para o monitoramento ambiental
A Fundação Vitória Amazônica (FVA) realizou, no mês de maio, durante a expedição de campo pelo rio Unini, o primeiro voo do Arator 5C – um RPA (Remotely Piloted Aircraft), em português Aeronave Remotamente Pilotada –, adquirido por meio do projeto Rotas e Pegadas, financiado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com o objetivo de auxiliar no monitoramento de uso de recursos naturais do território do Mosaico do Baixo Rio Negro.
Nomeado pela equipe da fundação de Carapanã-Açu, a aeronave garantiu, em seu voo inaugural na comunidade Tapiira, a captação de imagens únicas da região. De acordo com o geógrafo e consultor do projeto, Heitor Pinheiro, “nunca havia sido realizado um imageamento com 5cm de resolução aqui no rio Unini”, afirma.
Segundo Pinheiro, a partir das imagens captadas será possível o monitoramento da abertura de roçados, o acompanhamento do uso e ocupação do solo, a descoberta de novos potenciais de bioeconomia como, novos castanhais, árvores produtivas, acompanhamento de safra de castanha.
As imagens de alta resolução irão auxiliar no trabalho, já realizado pela Fundação, de monitoramento de eventos extremos, que visa mapear os ciclos de cheias e secas e seus impactos nas populações ribeirinhas. Para o coordenador executivo da FVA, Fabiano Silva, “a qualidade das imagens geradas permitirá um salto significativo também na qualidade das análises realizadas pela FVA, reforçando as estratégias de planejamento territorial e de desenvolvimento socioeconômico da região do rio Negro”, disse.
Para operar o Carapanã-Açu, uma equipe técnica que integra o Laboratório de Geoprocessamento da FVA participou, em dezembro do ano passado, de um treinamento operacional em São Carlos/SP, onde está localizada a XMobots, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de veículos aéreos não-tripulados e fabricante do Arator 5C, que é o único RPA autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para voos acima de 400ft com alcance de até 2km ou até 5km – com um observador.
Silva, que participou do treinamento em São Carlos, ressalta o pioneirismo do projeto ao trazer o RPA para o monitoramento ambiental na Amazônia. “Esta tecnologia já é, amplamente, utilizada pelo agronegócio brasileiro, mas ainda não havia sido testada em contextos de florestas preservadas”, destaca o coordenador.
Como funciona um RPA
O RPA possui capacidade de levantamento de 400ha e gera cerca de 40gb de informação por hora de voo. Os dados são captados por um sensor, considerado passivo por depender diretamente da luz do sol para obtenção de imagens.
Os dados obtidos em cada hora de voo levam, em média 4h para processar, resultam em imagens multiespectrais com altíssima resolução – até 2,5cm por pixel – o que exige tratamento após a captação para serem utilizados em análises diversas.
Modelos digitais de elevação, classificação supervisionada de alvos espectrais, mapeamento de construções, identificação de áreas inundadas são alguns dos produtos em que este tipo de imagem pode ser utilizado.